Ser mãe o dia das mães e a depressão.
- Fernanda Paim
- 8 de mai. de 2022
- 2 min de leitura
Since 2017 sou mãe.
Pietro nasceu em abril de 2017 e eu me perdi em abril de 2017. Precisamente na madrugada do nascimento dele.
Lembro dele ao meu lado, não era pequeno, nasceu com 5 quilos, parecia ter 3 meses, amamentei ele, enquanto meu marido roncava no sofá-cama da maternidade. Já ali entre mamadas e tentativas inúteis de dormir, chorei!
Chorei como aquele bebê que eu tentava aninhar em meu colo.
Lembro de ter pensado: “O que eu fiz!”
Fiquei muito brava com todas as pessoas que eu conhecia e tinham filhos e que não me contaram que aquele sentimento era possível.
Cara, não previ isso! Fiquei chocada e sem entender como as pessoas conseguiam viver se sentindo daquele jeito, um buraco enorme tinha se aberto e me engolido, a partir dali eu não me reconheci mais.
Minha força, virou fraqueza, era o sol se pôr e a angústia tomava conta de mim, um choro fácil, de desespero, qualquer coisa me desestabilizava, qualquer coisa me irritava, não queria ver ninguém e muitas pessoas apareciam. Quem inventou de visitar recém-nascido?
Pelo lado de fora, eu estava mãe, peitos na janela, tomando sol para curar as fissuras, garrafas de água espalhadas por todo o canto da casa, comida saudável, nem um gole de coca-cola, nem chocolate, nenhum doce, pode dar cólica, passeios na praia, na pracinha, por aí.
Por fora eu era mãe, por dentro quem eu era?
Onde estava a Fernanda?
Eu não sabia, não me reconhecia.
Por dentro eu era depressão.
Ninguém via, nem percebia!
Aquele dia que eu não segurava tão bem a barra, a culpa era do cansaço.
Foi quase dois anos assim.
Dois anos, sofrendo quieta, disfarçando.
Sorrindo quando queria gritar, levantando quando queria dormir, sobrevivendo!
Lentamente fui me afastando da vida que tinha antes do Pietro nascer, fazia isso para me proteger, ou achava estar me protegendo.
As pessoas sem entender foram indo embora, uma a uma, deixando um vazio ainda maior naquela mistura de sentimentos que habitava em mim.
Voltei para a terapia, fui encaminhada para uma psiquiatra.
Diagnóstico, remédios e as coisas começaram a desanuviar.
Comecei a estudar, tomar conta de mim e foi quando comecei a sair daquele buraco que entrei naquela madrugada do dia 14 de abril de 2017.
Hoje, 5 anos após aquela madrugada muita coisa mudou.
A jornada poderia ter sido diferente?
Poderia, mas penso que não me traria onde estou hoje.
Se me arrependo de ter tido filho? Não!
Se já pensei como seria se eu não tivesse tido o Pipo, claro!
Se tem dias que não entendo nada? Com certeza!
Assim como tem os dias lindos, os abraços mais apertados do mundo, o dedinho no dedinho, a cadeira grudadinha na minha, beijocas estaladas, lambidas na bochecha e pum, cocô, super-heróis, desenhos, carinhos, carrinhos, colos, descobertas...
É simplesmente de mais ver ele crescer!
Tem dias que meu coração explode de tanto amor.
Tem dias que quero férias.
Tem dias e dias.
Mas todos os dias eu sou a mãe do Pietro.
Feliz Dia das Mães!
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